05/11/2012–02:00

Você já se cansou?

Trilhava pelo deserto sem água há dias. A sensação de que a vida aos poucos evaporava no ar que parecia derreter pensamentos e emoções com incrível eficiência. Que deserto era aquele que caminhava? Não sabia dizer se era sua personalidade, suas conquistas ou a sua moral. É tudo o que sobra no final das contas, pensou, deixando escapar uma pequena risada. Nós viemos do nada, vagamos pelo nada e assim tudo acaba. Há aqueles que nascem vazios, parecem nunca serem preenchidos por algum tipo de sentimento que torne a vida algo que valha a pena viver. São pessoas da massa que não se move intelectualmente. Enterradas nos seus problemas, preces, luxos, viagens, casamentos, carros, relacionamentos, drogas e dívidas. A vida parece fazer mais sentido quando se precisa lutar por ela. Mas e quando vencemos a luta, o que sobra? Sobra o silêncio de uma vitória que nós não sabemos se deve ser celebrada ou silenciosamente lamentada.

Finalmente caiu no chão. Estava exausto. A morte não é algo que deve ser odiado e lamentado. A morte é muito mal compreendida. Apenas uma serviçal da humanidade, varrendo para a eternidade ou o esquecimento os parasitas da história. Somos todos parasitas hipócritas.

(Ah, a hipocrisia. A eterna arma do incompetente, a forma de desmerecer o trabalho alheio sem realizar nada de concreto. Como podemos ver, pequeno indivíduo, justiça é um credo)

O que é de fato triste é a vida que levamos, que nos conduz para a morte. Nossa morte devia ser celebrada pela vida que vivemos. Mas pessoas choram em nossa morte porque semelhantemente trágicas foram as nossas vidas. E nos últimos momentos de vida, vamos fazer de tudo para espremer mais algumas gotas do cantil, em vez de abraçar o calor que toma nosso corpo e coração, nos levando para os supostos altos planos de existência.

E enfim morreu. É assim quando morremos, é tudo o que sobra, o ar e as lembranças do que fomos ou deixamos de ser. À essa altura, a maioria de nós não sabe dizer: vagamos nesse deserto, ou somos um grão de areia?

05/11/2012 – 01:57

Aconteceu alguma coisa que eu não sei explicar. Antes as pessoas pareciam semi-pasteurizadas e a rua era repleta de pessoas que pareciam idiotas, mas que poderiam me surpreender de alguma forma. Tenho plena noção do quão arrogante isso soa, mas ei, se tu tá lendo esse blog à essa altura da vida, sabe que há um tema recorrente num blog criado por mim: eu. Enfim, pessoas pasteurizadas. Se num primeiro momento eu achava que era possível encontrar alguém interessante, hoje parece impossível.

De fato, todo mundo que eu conheço e converso parece vir de uma linha de produção secreta da qual eu não estou informado. São todas ocas e com sentimentos muito banais. A brutalidade da rotina e dos padrões pré-estabelecidos parece esmagar o cérebro das pessoas de uma forma tão visível que eu tento não sujar minha camiseta em massa cinza espalhada nas paredes. Eu não sei o que houve com o charme daquelas pessoas que vivam com um tipo de conhecimento muito específico, um conhecimento que te permitia entender onde a vida se transformava numa armadilha massificadora, e conseguia se esquivar disso. As mais versadas conseguiam até mesmo rir disso, era lindo. Era como assistir bailarinas dançando com o máximo de precisão, no topo de seu jogo.

Eu preciso conhecer lugares novos. Não me imaginava dizendo isso há algum tempo atrás. Não me imaginava como o tipo de pessoa que iria querer conhecer as coisas. De alguma forma, eu acho importante explorar o mundo, explorar os sentimentos. Nessa fase da minha vida isso não somente parece importante, como necessário. Eu quero que o mundo me surpreenda. De uma certa forma, quero fazer o que sempre fiz: regozijar na minha arrogância e criatividade, e deixar que a humanidade me impressione com os seus detalhes. Eu desafio o mundo a ser interessante para mim.

22/10/2012 – 01:28

- Você sabe para onde está indo?
- Não, mas eu sei quem sou.
- Sabe mesmo?
- Na verdade, comparado com a maioria das pessoas, eu diria que sei sim.
- E quanto você acha que uma pessoa qualquer sabe?
- Aparentemente nada. Acho que o futuro vai chegar e essas pessoas não vão ter nada pra apresentar por si. Daí sim, o mundo vai afundar.
- Como assim?
- Meu ponto é, porra, nós vivemos em uma sociedade que vive pelo espetáculo. Parecer é muito mais importante do que ser de fato. Quando isso se tornou a norma?
- Entendo seu ponto. Talvez nós realmente nos deixemos levar demais pelas impressões nos dias de hoje.
- Claro que sim. Se você se apresentasse como um doutor, as pessoas já te respeitariam antes de saber mais sobre você.
- Sim, mas eu não sou um doutor.
- Grande merda, agora para estas pessoas você é. Quem vai dizer o contrário? E a partir daí tu construiu uma reputação, todos acreditam que tu é alguma coisa a mais do que tu realmente é. Então todos estão confortáveis com o conhecimento de que existem pessoas… bem, do teu escalão no mundo.
- Apesar de não existirem, evidentemente. Qual é o seu ponto com isso?
- O ponto é, ninguém se esforça pra questionar a tua posição.
- Não sei se esse esforço deveria existir, em princípio.
- Não inventa, claro que deveria existir. Tu não é um doutor mas todos pensam que tu é. Quando elas realmente precisarem de um doutor vão chegar em ti, e o que tu vai ter para oferecer?

E, realmente, quem tem alguma coisa para oferecer? De uma forma muito específica, o mundo dos mortais parece um grande deserto. Um deserto superpopulado. Um deserto quente, onde cérebros suam e se grudam, e a convivência é estressante para aqueles que não dançam a dança exigida pelos alto-falantes. É particularmente interessante como qualquer contrariação à norma automaticamente leva ao mais desnecessário e vulgar escárnio. E qual a base de tudo isso? Vivemos em uma sociedade oca onde a norma vigente é cimentada na juventude.

O padrão de ação é a não-ação. Quanto maior for a conformidade com as normas predominantes em uma sociedade que exalta o esvaziamento individual, mais bonito você será para os olhos do típico zumbi rotineiro. Nós vivemos em um deserto ironicamente populado de lindos zumbis auto-indulgentes. O exagero no exterior só confirma o vazio no interior. Redes sociais que não fazem o menor sentido. Rituais padronizados são pateticamente adotados, numa tentativa quase – mas não o suficiente – deprimente de se diferenciar. Não se veem caindo em uma grande cesta conceitual, que acaba por engolir cada centímetro de pensamento denso ou, até mesmo, criativo que poderiam ter nutrido em seus abandonados cérebros. 

22/10/2012 – 03:28

Madrugada. Eu gosto das madrugadas, já falei antes. Nunca vou me cansar de entrar nesse vórtice de tempo onde todos parecem distantes e o mundo parece silencioso. Bem, novamente estou aqui de novo, pensando muito sobre os caminhos da vida e sem uma resposta pra dar pra vocês. O caminho está aí, é só descobrir onde esse desgraçado se meteu.

Não acho que sou uma pessoa que tem problema com pessoas. Bem, todas as pessoas têm problemas, algumas gravíssimos, mas nem todas são problemas. As realmente problemáticas são as ignorantes. Aquelas que acham que de alguma forma tu deve o mundo por elas pelo mero fato de elas existirem e te agraciar com a presença delas. Foda-se a sua presença, eu digo, desapareça da minha esfera de existência social e me fará um caro favor. Sou grato.

De qualquer forma, acho que existem muitas pessoas boas nesse mundo. Pessoas que fizeram grandes coisas, de alguma forma, completos gênios. Conseguiram encontrar seus malditos caminhos e ficaram na história. E também existem raras pessoas na rotina que criam uma espécie de nostalgia. Eu raramente aproveito minha vida no presente, acho que tem algo errado comigo, mas sempre lembro dela de uma forma nostálgica e muito boa.

A verdade é que a felicidade está ali. Mas ali não é aqui. O mundo continua sendo um lugar inóspito, onde o céu me mostra o dedo muito mais do que sorri. A rotina corrói a vida diária, à medida em que horas de ociosidade indesejada se passam. Isso acontece com qualquer pessoa. Qualquer pessoa que se estabeleça em uma dessas vidas de uma rotina zumbi sem nenhuma meta além de ser o que é está fadada a se tornar massa de manobra. Já se imaginou fazendo alguma coisa porque a moça bonita da televisão pediu? É…

Talvez o grande segredo da aquisição da felicidade disso seja beleza. É o que parece mover o mundo e facilitar as coisas, aparentemente. Qualquer pessoa que se aproveite das vantagens de seu próprio corpo, está dando um descanso para o seu cérebro. O resto da matemática acho que vocês podem fazer. Eu continuo escrevendo sem motivo algum, além de expor um monte de pensamentos pré-criados na minha cabeça. Não sei como o que eu escrevo parece num espectro “profissional” de escrita, e também já me preocupei mais com isso. Devo ser muito ruim visto com lentes profissionais de escrita.

Mas ei, pensando em perspectiva, quem não é muito ruim?

22/09/2012–00:49

Boa noite. Sim, é um daqueles textos onde eu só fico falando coisas. Faz tempo que eu não faço isso. Na verdadde é mais porque eu estou com vontade de escrever e sem uma ideia exatamente, então, bem, lá vamos nós.

É incrível como a vida pode mudar. É tão legal sair da adolescência e virar gente em alguma medida. Se preocupar com coisas do mundo e não coisas mundanas. Bem, com certeza sou rodeado por coisas – e pessoas – mundanas com bastante frequência. E apesar desse aspecto, encontrei um lugar onde eu possa encontrar outras pessoas que também prefiram saber das coisas que valem a pena saber: a academia (esse texto pode não ser diamante, mas se você merece ler essa merda, sabe de qual academia eu to falando).

Eu tentei ser músico – sério – e pra mim isso simplesmente parece ridículo à essa altura da vida. É bom crescer. Não desencorajo os que tentam, mas sei lá, preparem-se pra engolir muita merda, vocês vão. Ainda toco bastante com várias bandas, mas não tento ser a próxima sensação. Pessoas que se comportam dessa forma merecem o limbo. De uma certa forma isso tá associado ao meu último relacionamento.

Saí de um relacionamento tão fudido, mas tão fudido, que estou há quase um ano solteiro e acordo como se o ar estivesse mais limpo, e cada dia pode ser vivido um de cada vez. Essa é uma coisa que nunca vai mudar em mim, eu gosto da solidão, traz o melhor da produtividade de uma pessoa. Talvez eu acabe em um relacionamento daqui a pouco, não é o tipo de coisa que se controla, mas prefiro não.

Enfim, a vida social não é rodeada de (tanta) gente idiota, e tem outros benefícios. Sinto que talvez eu chegue em algum lugar, afinal de contas, se eu jogar as cartas direito. É divertido, pela primeira vez. É bom acordar – até porque não acordo cedo,

e isso eu reservo um parágrafo específico pra dizer que é o fato que cria toda a felicidade na minha pessoa, me faz ser esse ser que se diverte com novas pequenas coisas da vida.

- voltando, bom acordar nas manhãs. and of course, weed.

10/06/12–02:41

2005. O ator entrou na sala de teste bastante confiante. Tinha ensaiado o suficiente, e era um papel relativamente simples de fazer. A academia alemã sabia que era um desafio fácil de ser vencido, e afinal de contas, era um rápido caminho para a premiação, então por que não?

Só o diretor do filme, com uma cara de quem já tinha visto muita coisa na vida. Não estava impressionado, mas parecia disposto a participar do que estava para acontecer. Nas suas mãos o portfolio do ator, o que é basicamente um currículo com um nome pomposo, porque o pessoal da arte não usa instrumentos mundanos. Eles têm testículos de veludo. Começaram pela atuação, porque realmente o portfolio era complementar naquele nível tão baixo de trabalho.

- Certo, transcorreu bem, mas eu preciso ver a cena 32 de novo. – Não se preocupem, ele não atuou em 32 duas cenas de verdade.
- Claro. – E o ator se pôs a representar a cena.
- Ok. Só tive uma dúvida, mas era besteira. Então vejamos... o seu portfolio.

O diretor passou os olhos bem rápido, com a mesma cara de não impressionado. Bem, dessa vez ele realmente não estava. Olhar resumo de ator para filme independente é praticamente inútil, já que a base do negócio é basicamente pegar ou largar. Passou com os olhos tão rapidamente pela folha que até pulou algumas informações. Isto desencadeou uma daquelas mini epifanias que uma pessoa tem em um segundo. O coração aperta e de repente ele se libera porque a gente sabe que caminho tem que seguir, e tudo estará bem no futuro próximo e... bem, acho que o conceito tá bem estabelecido. Se sentiu mal por ter se tornado um diretor relapso e olhou o portfolio novamente com bastante atenção. E então veio o espanto.:

- Porra, espera aí! Que merda é essa aqui?
- O que foi? – Disse o ator, em grande espanto.
- Você só interpretou dois Hitlers?!

Os olhos do ator rolaram para baixo, e ele ficou levemente corcunda, em vergonha.

- Pois é...
- O anúncio dizia específicamente que eu procurava alguém com no mínimo 5 Hitlers!
- Me desculpa. Eu o interpretei uma vez em uma peça na escola e em um filme independente.
- Qual?
- Cyberhitler 7 o retorno de Churchillzila.
- Hm, ele recebeu reviews bastante mais ou menos, pelo que me lembro.

O ator estava sem argumentos. O diretor franziu a testa. Primeiro sinal de qualquer emoção na conversa inteira. Foda-se a epifania. A sua mão apontou para a porta e o dedo feio e cabeludo apontava para a porta. O ator caminhou a tristes passos para a saída.

O diretor preparou-se para chamar o segundo candidato à vaga. Ele realmente não estava impressionado...

13/02/12 - 06:31

Aqueles tempos quando tudo era uma aventura. Quando a motivação era incrivelmente maior do que o questionamento, e a felicidade estava nas coisas simples. O cotidiano lhe dava saudade, muita saudade. Coisas específicas, talvez estranhas faziam ele se lembrar com carinho daquela época. O cheiro das pessoas, a textura da parede, tudo estava guardado no cérebro dele.

Mas de alguma forma nós temos que seguir em frente. Só existe uma chance de aproveitar um momento. A vida é um trem que nunca para, e até aquele momento ele não estava gostando da viagem. As esquinas estavam cada vez mais sujas, e o mundo cada vez mais cinza. Era como se afogar em um mar de tédio e problemas. A felicidade já não era mais satisfatória, só a euforia importava, para conseguir respirar.
Mentira, ganância, medo, covardia, fraqueza, rigidez. As árvores ficaram tristonhas, e as caminhadas se tornaram cansativas. O que estava acontecendo com a vida? O que era todo esse sentimento? Como esse tipo de coisa acontecia? Quantas perguntas podiam existir? Existia alguma resposta? É tudo tão incerto, o mundo é um tabuleiro onde se passa um jogo baseado totalmente no acaso, de uma forma especialmente cruel.

Alguém poluiu a fonte da vida, alguém a envenenou.

03/01/12 02:36

- Eu juro por deus, se eu ouvir de novo tu me pedindo pra colocar esse CD do Van Halen, eu vou te enfiar ele cu adentro.

Era tudo que havia restado. O apocalipse zumbi com certeza às vezes parecia bem mais legal na internet. Você acha que vai sair por aí atirando na cabeça de todos os zumbis, mas você já segurou um rifle? Não é coisa pra qualquer um carregar, ainda mais mirar com aquela bosta. Ah, e boa sorte encontrando munição.

Estavam todos apertados em um quarto cujo teto era aproximadamente a altura da calçada, então tinha somente uma pequena janela no topo. A bagunça generalizada com armas e alimentos de todo tipo parecia não incomodar seus habitantes, que, apesar de irritados em outros momentos, estavam bem tranquilos agora. Afinal, tinham toda a heroína de que precisavam.

Um dos integrantes do grupo, outrora estudante de faculdade, perguntou, com olhos de surpresa e medo.

- Esperem aí, quantas seringas nós temos?

Vestia-se com estilo excessivo, ultrapassando a barreira do ridículo, tinha um cabelo enorme e a cara repleta de gordura, cravos e algumas espinhas.

- O que você quer dizer?- Respondeu aquele que parecia ter tomado a liderança.
- Nós podemos pegar aids, você sabe...
- No meio do apocalipse zumbi... sério? Essa é a sua preocupação?

O jovem comprimiu-se e olhou para o chão em tristeza e punição, movimento já comum naquela altura da vida. Todos riram. De fato, só possuíam duas seringas, o que significava que ia ter que rolar uma divisão. O hippie levantou-se:

- Olha, cara, não sou muito a favor dessas drogas farmacêuticas, mas se vou morrer, prefiro que seja alucinando.
- Assim que se fala, agora me passa essa colher – respondeu o líder, enquanto cortava uma tira de borracha.

Começou a aquecer o produto. Haviam concluído que a melhor forma de morrer seria de uma overdose. Todos sabiam onde conseguir drogas, afinal de contas, não é somente hippies que fumam maconha. Foram onde costumava ficar o traficante mais próximo, e depois de muitos cagaços e zumbis, conseguiram encontrar um pacote com 6 kilos de heroína. A surpresa ficou para a planta de cannabis mutada carnívora que tentou comê-los no jardim próximo à entrada. Uma grande decepção para o hippie, que teve seu lema de “paz e amor” abalado com o acontecimento.

Integravam também o grupo: uma ex-professora do primário, de enormes seios fartos que já vinha há horas soltando os peidos fedorentos responsáveis pelo despertar de todos em meio ao sono. Aquele decote já quase não conseguia descer mais pra disfarçar. Uma aluna do último ano do segundo grau desta escola. Uma legítima putinha, que depois de 4 semanas de isolamento e 14 livros da coleção de filósofos alemães presente naquele quarto, havia se transformado em um estranho paradoxo loiro ambulante. E por fim, um cara desempregado que aspirava em fazer letras, filosofia e ciências sociais em faculdades internacionais, mas até aquele momento estava sem um tostão, e não havia feito muito mais do que um ano de administração em uma faculdade particular. Você pode pensar que ele tinha muitos pensamentos interessantes e boas ideias, mas estaria errado.

A primeira dose estava pronta. Foram tomando um por um, inserindo a agulha nas suas veias e deitando no chão, sentindo a sensação de mil orgasmos. Eram distribuídas doses cavalares, que iam fazer a mágica em breve. Ia ser uma mordidinha de mosca, um super orgasmo, e a morte, tudo em 5 minutos. O problema é que durante aqueles 5 minutos, eles alucinaram... e, bem, eles alucinaram como se não houvesse amanhã.

Naquele momento o mesmo pensamento ocorria na cabeça de todos: aquela havia sido uma ótima ideia. Todos estavam tendo uma ótima experiência e iam em paz, sem serem comidos por criaturas horrendas e nojentas. Um deles estava inclusive prestes a abrir uma porta celestial, gigantesca, com uma maçaneta dourada, que lhe permitiria ter uma conversa com ele, o Todo Poderoso, antes de partir por parada cardíaca. Abriu a porta e correu em alucinação e alegria, mas não pode, pois foi interrompido por uma série de anjos, que passaram a entrar pelo quarto cada vez com mais velocidade. Estava impressionado, seria carregado pelos anjos para a conversa com o criador, até que sentiu um dos anjos tirando-lhe um bife da batata da perna. Foi então que reparou na porta que havia sido aberta, e na cagada que ele tinha feito. Mas estava tão chapado de heroína que não deixou de rir enquanto era devorado, imaginando :

Se eu vi anjos, imagino o que diabos os outros viram antes de serem comidos...