09/08/08 - 04:07

Tarde da madrugada e eu aqui, sem nada para lhes dizer. Isso inicialmente deveria ser uma história, e o personagem provavelmente se suicidaria. Não que eu seja previsível assim, mas é que madrugada combina com suicídio e assuntos sombrios, e não com coisas alegres como a parada gay, os ursinhos carinhosos ou a guerra de Tróia.

Como eu posso dar um bom rumo a este texto? Não sei, o que o leitor quer ler? Não importa, acho que a pergunta é o que eu quero dizer. Estou editando um livro para uma editora online. Dificilmente serei publicado, tudo bem, mas não custa tentar.

Ah, sim, me lembrei do que eu ia falar: Desespero. Eu estou desesperado, como vocês podem ver. Só por entrar no word para lhes escrever alguma coisa, estou declarando que estou desesperado. A escrita é uma forma de fuga, de dizer que tudo está errado e eu estou tendo minha folga da realidade, as coisas não se encaixam nesse mundo que você leitor está agora, e eu vim para o meu próprio mundo criar incêndios e sair voando pelos planos.

Foi dito que caras como Sartre, Hemingway e Freud também estavam desesperados, em quartos escuros, tentando te alguma idéia em meio à pouca iluminação, assim como eu agora. Na verdade, pensar que eles estavam desesperados assim é humano demais. Poucas coisas humanas podem ser atribuídas a esse tipo de pessoas. O que as fez criarem toda aquela beleza? O desespero excessivo? Poucas coisas humanas podem realmente ser atribuídas aos seres humanos.

Nós, que ficamos aqui tentando nos salvar por meio de uma coisa ou de outra, tentando esquecer que o mundo existe, desesperados em quartos escuros com pouca iluminação, tentando fugir da realidade, o que somos afinal de contas? Isso é uma coisa totalmente humana pra mim: o desespero e a necessidade de fugir, de encontrar saídas e se salvar do dia-a-dia. Não é uma coisa boa como solidariedade e honestidade, mas é uma coisa totalmente humana, e vem desde o primórdio dos tempos. Bukowski não tentou escrever para o mundo ver o que ele queria mostrar, escreveu para tirar de si tudo aquilo que não podia suportar, e conseqüentemente fez tudo aquilo que hoje chamamos de literatura.

Talvez o desespero seja a maior escola literária de todas, e o maior castigo de todos: quanto mais sofrimento, mais beleza, mais sofrimento, mais beleza, mais sofrimento, mais beleza...

1 comentários:

gmm disse...

concordo plenamente.
tbm sou desesperado.
e escrevo pra me livrar um pouco de mim.