29/08/08 - 23:22

Droga, acabei de ser atingido por um daqueles lampejos de idéia que vêm repentinamente e de repente você tem todo o projeto na sua cabeça, simplesmente mágico. São coisas como essa que me fazem tentar ser um escritor e ter um bom motivo para viver. Não gosto que aconteça muito disso, porque escrever é que nem gozar, vai saindo menos e ficando pior cada vez que o fazemos.

Estou meio extasiado de sono, extasiado é o canal, é o canal. Estou numa daquelas noites em que nada lá fora parece acontecer. Na verdade, nem parece haver um “lá fora”, o mundo está focalizado em mim e no sofá onde estou deitado. É tudo tão belo e ao mesmo tempo tão vazio, me sinto drogado de sono e então vejo as luzes da televisão dançando bem na minha cara, loucamente, como se quisessem fugir daquele lugar. E uma música meio idiota com riffs alegres e gritantes de piano fica entrando na minha cabeça de uma forma que não sai, eu sugo toda a informação desse quarto e a transporto para os meus dedos e voilá, estou aqui fazendo o que sei fazer de melhor, empatado com mentir, porque sou um bom mentiroso, acima de tudo.

A noite parece não passar. O horário se arrasta e eu continuo me sentindo extasiado. Estou achando este texto o máximo e deve estar ficando um grande lixão. De repente sou tão genial, tão grandioso, tão evoluído com minhas análises sintéticas e metafóricas da humanidade. De repente isso é tão patético, pareço não sair do lugar de origem: a merda. As coisas parecem estar assim, vou voando, digo para mim mesmo tudo bem, você vai conseguir e vai dar tudo certo, é só continuar voando e de repente estou com o queixo no chão vendo os pés das outras pessoas passando na minha frente enquanto o céu fica com um sorrisinho irônico dizendo que se fez isso com caras grandes como Ícaro, poderia fazer comigo, e realmente o fez.

Nesse tipo de noite não há bom-senso, não há nenhum sentimento, estou apenas reportando tudo que passa pela minha cabeça num lampejo meio estranho de fatos. Agora a noite parece ir tão rápida, parece que há dez segundos atrás comecei o primeiro parágrafo e já se passaram diversos minutos. Está calor, vou tirar a camisa. Pronto, o calor se foi embora.

Gostaria que uma noite como essa me permitisse algum sentimento além desse êxtase. Gostaria de estar feliz, não, gostaria de estar triste, desesperado e despedaçado. Há tempos não fico assim. Não tenho nada para lhes oferecer, nunca tive, acho que nunca terei, não sou um gênio, nem vou construir um prédio para a comunidade. Não descobrirei um novo teorema matemático. Apenas estou aqui com minha bunda bem lavada recém saída do banho olhando para o mundo querendo chamar sua atenção a troco de nada, só para ser elogiado. Acho que é um pouco assim com todos nós, aqueles que fazem grandes coisas não são humanos.

Foda-se, eu sou humano e você provávelmente também.
Meu cobertor é laranja.

Estou extasiado, é gostoso.

1 comentários:

gmm disse...

cara...
tu escreve a verdade. ou o que eu penso q seja a verdade.
realmente me ligo aos teus escritos. tu é o cara.