01/11/08 – 14:24

- Você é legal e eu te amo.

E agora estas opiniões estão há alguns estados de distância de mim, esperando não muito ansiosas por um reencontro, talvez até mesmo acidental. É uma sensação boa, saca? Aquela pequena nostalgia, que mistura uma tristeza com algo que abre o peito, que por fim te deixa feliz. E aquilo serviu para me manter feliz em minha solidão por alguns segundos. E eu pensando nisso por alguns segundos enquanto ela pensando em alguma outra coisa, alguns quilômetros distantes da minha pessoa.Talvez eu não fosse inesquecível, ou ela valiosa.

Fui para casa, que, bem, não podia-se chamar de casa. Morava em uma pensão que só possuía um banheiro, e pessoas doentes, como eu. Estava atrasado com o aluguel, e não tinha empregro e não conseguia vender uma pintura sequer. Talvez o pós-modernismo não fosse algo valioso, ou eu não soubesse pintar. De uma forma ou de outra, eu precisava pagar o aluguel. Resolvi apelar. Desempoerei currículos que havia impresso há uns quatro anos, antes de resolver perder todo o juízo.

Cheguei em um lugar que precisava de ajuda. Fui para um entrevista. As perguntas de sempre, as respostas de sempre. Estava contratado. Não era difícil manter-se em um emprego desses, para grandes empresas. Era só não ter opinião, e antes disso, boca. Ganharia o suficiente para pagar o aluguel, um maço de cigarros e uns 5 reais para a diversão. Quem liga para glória? Se conseguirmos manter-nos em nossas conchas, o resto é simplesmente o resto.

Voltei para casa, de repente me sentia inspirado. Por que lutava para viver? Procurei um pincel que estivesse em condições de uso. Desisti de pintar. Deitei-me na cama, pensando naquelas palavras e na distância delas, e em como elas foram expelidas por nada, para nada além de prazer momentâneo. Uma felicidade tomou conta de mim. Não me importava se foram proferidas há anos, eu havia conseguido provocar aquilo. A obra-prima vem para todos, sempre vem. Para alguns mais cedo, para outros mais tarde. Eu só precisava esperar e me foder um pouco até que a outra viesse. Eu tinha um motivo para viver, o mundo, não.

1 comentários:

gmm disse...

muito bom, velho.