30/08/09 - 01:33

- às vezes, sabe.
- às vezes o quê?
- sei lá, tu parece meio desacreditado.
- o que tu quer dizer?
- tu não acredita na vida, nas pessoas e etc.
- acho que não mesmo, mas isso é sempre.
- isso parece ruim.
- acho que tanto faz.
- como todo o resto...

na rua encontravam-se pequenos bonecos daqueles que encontramos nas estampas de portas de banheiros, todos cinzas, caminhando de forma igual, sem nenhum erro. todos falavam uma língua incompreensível e alguns carregavam pequenos cachorrinhos. os prédios eram todos de uma cor estranha, meio avermelhada e não tinham portas, somente janlas, mas não havia ninguém lá, naqueles cômodos, e naqueles cômodos não havia móvel algum. o chão e o céu confundiam-se em um cinza pálido e que lembra desencontro e chatice, quase ao mesmo tempo.

pareciam repetir os mesmos códigos depois de um tempo, e esboçar os mesmos movimentos, como se fossem robotizados e estivessem programados para fazer aquilo. os cachorros mijavam preto em bancos cinzas. e lá no topo de algum desses prédios sem portas alguém tocava um violão, adicionando uma trilha sonora com sentimento algum à vida alguma, com poesia alguma, alegria e tristeza alguma. sonoro tédio.

ele tinha motivos para desacreditar.

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